quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Harmonia e construção






A Harmonia, é na música, a concordância de sons simultâneos, de que resulta uma sonoridade agradável.

Sempre se falou em harmonia e os sábios primeiros viram a natureza como harmonia perfeita, sendo a harmonia a conciliação das diferenças, a integração dos opostos. A desordem a que chamamos Caos, seria apenas aparente, porque se integra na unidade do cosmos.

Pode o homem estabelecer harmonia? Não é ele, físico e espírito, dois opostos?

O homem, dimensão cognitiva e afetiva, pode estabelecer harmonia desde que una os seus opostos: seu pensamento ao seu coração. Pensar e sentir de forma integrada.

Sentir o que pensa. Pensar o que sente.

O corpo e o espírito precisam de ter o mesmo objetivo, porque formam uma unidade.

Na casa que se limpa, na ordem que se dá aos objetos, nas cores da roupa que se veste, num jardim que se planta, é a harmonia física que se procura.

E pode-se sempre construir mais e melhor harmonia equilibrando o interior e o exterior da pessoa: o meio que nos envolve com a nossa tranquilidade e alegria ao mesmo tempo.

Se o equilíbrio corpo-espírito dá a paz, dá sobretudo a saúde. Tudo o que se vive, se experiencia, fica gravado no ser e não se apaga como palavras na areia. Pelo contrário, o passado desta vida e de outras, ressoa constantemente nas ações, nos pensamentos, nos afetos, ou nos gestos atuais. E normalmente somatiza-se dando a causa escondida às doenças.

É um eco constante que a cada momento atualiza em nós, o que vivemos e o que fomos. Por isso a vida é um agora permanente.

Fazer a harmonia hoje, é estabelecer equilíbrio para amanhã, que se revela no futuro, que se manterá na eternidade.

Mas cada um é apenas parte de um todo. Um com muitos, este viver-com-os-outros implica estabelecer harmonia à nossa volta.

Difícil?

Será fácil se se é capaz de ouvir o outro, mesmo que se esteja cheio de seus próprios ruidos; se se é capaz de ouvir quando apetece falar de si; se se respeitam as opiniões diferentes das suas; se se é capaz de aceitar as diferenças que desagradam ou até assustam. Se se impuser a personalidade a cada momento na relação com outros, aí será, de fato, muito difícil estabelecer a harmonia.

Somos todos diferentes, ninguém se iguala.

O conjunto das pessoas poderia ser comparado a uma orquestra. Um oboé tem um timbre bem diferente do de um violino; um violoncelo não se confunde com um clarinete. No entanto, com expressões tão diferentes e apesar delas, eles podem, se cada um no seu tempo próprio se exprimir, oferecer uma magnifica melodia. Pelo contrário, ao acaso e desrespeitando as regras de intervenção, formarão um caos sonoro sem organizar e transmitir qualquer mensagem musical.

A sintonizar harmoniosamente, assim será esta orquestra de homens, a orquestra de Deus. Desafinada? Por certo, sempre que não tocar o mesmo texto, não usar a mesma linguagem não de palavras mas do coração. A mesma vibração, entenda-se.

A harmonia constrói-se. Harmonia e construção, uma síntese de que se pode fazer um projeto de vida. Um projeto que se integra num projeto cósmico mais amplo, coletivo, que permaneça.

Bem se sabe que as obras que perduram são as do espírito e são os nomes de homens a elas associados que fazem história. Cristo, Luther King, Teresa de Calcuta ou Ghandi não ergueram edifícios, não arrecadaram fortunas, não promoveram economias; os seus nomes repetem-se porque as suas construçoes foram espirituais: falaram de amor entre os homens. Amor a tudo e a todos.

Aqui e agora, estamos mandatados para o serviço, que é a construção da harmonia.

Que essa construção se realize nas diferentes formas de agir, mas orientada sempre pela mesma forma de sentir.



Texto do livro "Encontrar o sol dentro de si" da Editora Universus
de Adosinda Marques, participante e colaboradora do harmoniza
http://www.harmoniza.com/pt/outros-artigos/311-harmonia-e-construcao.html
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